Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social
Jovem apoiada pela rede socioassistencial é promessa do boxe nacional

Por: Samuel Fragoso
A história da jovem boxeadora de Daniela Pereira Dias, 18, na rede socioassistencial começou em janeiro de 2021, quando ela foi recebida em uma Casa Lar, serviço da Prefeitura de São Paulo, que acolhe e garante proteção integral à criança e adolescente em situação de risco pessoal ou social. Naquele momento de fragilidade, mais do que um lugar para morar, ela encontrou segurança, afeto e profissionais preparados para apoiá-la em sua jornada.
“Quando fui acolhida na Casa Lar foi tudo um pouco difícil. Minha rotina mudou completamente e tive de conciliar os horários dos treinos. Os orientadores me apoiaram. Eles logo entenderam que o boxe poderia me ajudar.”, disse a jovem atleta.
Com a orientação e o cuidado recebidos na Casa Lar, Daniela conseguiu organizar sua rotina de treinos e manter o foco no esporte. O acolhimento garantiu estabilidade, acompanhamento profissional e apoio no dia a dia, criando as condições necessárias para que ela pudesse de dedicar ao boxe.
“Eu sempre quis ser atleta. Meu sonho era ser lutadora de MMA (Mixed Martial Arts, Artes Marciais Mistas em português). Vim no Centro Olímpico fazer uma peneira. Estava na dúvida entre Wrestling e Boxe, mas acabei optando pelo boxe”, disse.
Para Daniela Andrade, gerente da Casa Lar que acolheu a jovem boxeadora, foi desafiador para os profissionais trabalhar o foco e ajudar Daniela em providências que outros acolhidos não demandavam.
“Foi inusitado ter uma atleta na casa. Houve uma adaptação diferente, pelas demandas que ela necessitava com urgência, como liberações para viagens, liberações escolares. Nós sempre explicávamos para os demais atendidos os porquês”, relembrou a gerente.
Nos ringues a trajetória de Dias é marcada por conquistas de títulos e destaques em competições nacionais e internacionais.
A primeira vitória foi em 2023, na famosa Forja de Campeões, o principal torneio para iniciantes no boxe nacional. Daniela conquistou título de campeã na categoria juvenil até 60kg.
Desde então, Daniela já conquistou três títulos paulista e um brasileiro.
Em 2024, Daniela foi convocada pela Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) para disputar o Gymnasiade, competição organizada pela Federação Internacional do Desporto Escolar (IFS).
A jovem pugilista voltou de Bahrein, no Oriente Médio, com o vice-campeonato na bagagem. A experiência rendeu nova convocação. Essa para um período de treinamento com a seleção olímpica permanente de boxe, com foco na transição entre as categorias de base e a seleção principal.
“Ser convocada para treinar com a seleção principal foi muito especial. Aprendi muito e pude fazer sparring (treino que simula situações de luta) com diversas atletas do cenário nacional do boxe”, disse.
Daniela no pódio do Gymnasiade no Bahrein - Foto: Acervo Pessoal
Ao completar 18 anos, a atleta deu início a uma nova etapa de vida. Daniela teve de fazer a transição da Casa Lar para uma República Jovem, que também é um serviço da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, mas voltado para jovens adultos que têm de deixar o acolhimento institucional quando chegam a maioridade, mas ainda precisam de suporte da rede socioassistencial para iniciar a vida adulta.
Nestes serviços, os jovens são acompanhados por profissionais qualificados para o alcance de autonomia e a saída qualificada da rede.
Saída qualificada
A passagem da atleta pelos serviços de acolhimento foi conduzida dentro do que a Assistência Social classifica como saída qualificada, um processo planejado de reorganização pessoal e qualificação profissional para conquista ou reconquista da autonomia do cidadão, que por algum motivo viveu a condição de uma pessoa em situação de vulnerabilidade social.
Somente em 2025, até 20 de agosto, 20 jovens que residiam em Repúblicas Jovens conseguiram a saída qualificada. Já em 2024, de janeiro a dezembro, 38 jovens também conquistaram suas autonomias.
São considerados fatores de saída qualificada: a condição de arcar com os custos de uma moradia autônoma, o retorno ao convívio familiar, a inserção no mercado de trabalho, parcerias sociais e adoção ou acolhimento por família substituta.
“O meu sucesso no boxe também tem a ver com o acolhimento, porque sem o apoio deles (Casa Lar e República Jovem) eu não teria conseguido. O esporte transformou a minha vida. Se não fosse pelo esporte, eu não sei onde eu estaria hoje”, completou a pugilista.
Rede socioassistencial
A cidade de São Paulo possui a maior rede socioassistencial da América Latina, com mais de 27 mil vagas em 380 serviços, como hotéis sociais, centros de acolhida e Vilas Reencontro. Nos serviços de acolhimento são oferecidos diariamente alimentação (café da manhã, almoço e jantar), higienização pessoal e atividades socioeducativas, além do pernoite.
O encaminhamento para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial é feito pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), Centros de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) e pelas equipes do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), que atua nas ruas da cidade, sempre de acordo com o perfil do indivíduo e com a tipologia.
Centro Olímpico
O Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP) é um equipamento público, localizado na Vila Clementino, zona sul da cidade, vinculado à Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (SEME) da Prefeitura de São Paulo, com foco no esporte de alto rendimento. Sua missão consiste em desenvolver atletas e equipes competitivas nas categorias de base, buscando o aperfeiçoamento técnico por meio de apoio e suporte especializados. O COTP funciona como um verdadeiro clube voltado aos esportes olímpicos, oferecendo 15 modalidades, sem custos, para os jovens atletas.
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